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Entrada de verão é sempre a mesma história: clientes ligando porque seus peludos estão passando mal, apresentando episódios leves de vomito, fezes amolecidas, prostração, coceiras, e, principalmente, inapetência.

Poucas situações desesperam mais um tutor preocupado que o peludo de repente torcer o nariz para um pratão caprichado de dieta caseira! Mas nessas horas, amigos, lembrem-se que a natureza não opera de acordo com as nossas convenções humanas de sempre tomar café-da-manhã, sempre almoçar, sempre jantar etc. Vamos entender por que isso acontece.

A digestão é um dos processos fisiológicos que mais geram calor. Absorver nutrientes exige concentração de sangue no centro do corpo, lá no aparelho digestivo. Só que o calorão obriga o corpo a fazer justamente o oposto: a dispersar o sangue para a superfície do corpo a fim de resfriá-lo e aliviar a sensação de ‘quentura’. E aí não fica sangue no tubo digestivo para digerir bem a refeição. Instintivamente, o seu peludo sabe que esse calorão-dos-infernos e uma boa digestão não se misturam. Sábio, ele, não?

Se ele resolvesse almoçar estando encalorado, a refeição correria o risco de ficar parada no estômago e poderia até fermentar. Sabe o que isso geraria? Mais calor e mais desconforto. 

Assim, pets que de repente passam a comer menos estão sendo inteligentes e praticando a auto-preservação. Eles conhecem os seus limites. Lembre-se desse importante mecanismo de defesa e não force comida. Providencie água bem fresca, ar-condicionado ou ventilador, sombra e piso sem tapetes. Nada de levá-lo pra passear sob o sol quente com o asfalto pegando fogo e sem uma boa brisa para refrescar.

Mais tarde, num horário fresco, ofereça uma pequena refeição leve, de preferência fria (deixe na geladeira), como um pouco de fruta picada com iogurte natural, uma fatia de queijo branco light ou um ovo mexido com legumes. Em geral não há problema em pular o almoço e servir o total de alimentos do dia à noitinha, hora do dia mais fresca.

Na hora de montar as refeições dê preferência a alimentos energeticamente neutros ou com propriedades “resfriantes”. De acordo com preceitos milenares da Medicina Tradicional Chinesa, peixes pequenos, ovos, iogurte, queijo branco, pepino, pêra, melão, cogumelos brancos e vegetais em geral são alimentos que podem ajudar o cão a suportar melhor o calor. Pela mesma lógica, alimentos a maneirar para cães seriamente encalorados incluem aveia, batata-doce, abóbora, excesso de miúdos (fígado etc) e carne de frango, cordeiro e peru.

Ao longo do verão o organismo vai se ajustando e a inapetência vai cedendo. E acredite: cães adultos saudáveis são perfeitamente adaptados ao jejum de sólidos. Na natureza, canídeos geneticamente idênticos ao seu pet não se alimentam diariamente. Nada de ruim acontecerá se ele passar alguns dias comendo pouco ou até mesmo se rejeitar totalmente a comida por 1-2 dias. Ele pode emagrecer um pouco, mas isso inclusive o ajudará a se sentir mais fresco – e depois pode-se perfeitamente correr atrás desse peso perdido.

Mas é claro que se ele continuar recusando terminantemente comida e, principalmente, se a inapetência estiver acompanhada de visível mal estar, prostração excessiva, dificuldade respiratória etc, não pense duas vezes: leve seu amigão ao veterinário de sua confiança.

Posto assim, não faz super sentido que alguns pets estejam querendo tudo menos comida nesses dias quentes? 😉