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Ao redigir a resposta publicada no post anterior, sobre dosagem das vitaminas E e C, me lembrei de um texto muito interessante que encontrei no livro “Natural Health Bible for Dogs & Cats”, escrito pelo médico veterinário holístico Shawn Messonier, DVM. Nesse trecho o autor explica porque o organismo aproveita muito melhor as vitaminas naturais em comparação às sintéticas. Como quase tudo o que é publicado aqui no blog, é o tipo da informação pouquíssimo divulgada e bastante intrigante. Confira abaixo.

Vitaminas Sintéticas ou Naturais?
Autor: Dr. Shawn Messonier, médico veterinário
Tradução e adaptação: Sylvia Angélico

“Processar alimentos destrói muitos nutrientes originais da dieta, incluindo vitaminas e minerais. É por esse motivo que os fabricantes de produtos alimentícios precisam enriquecer o alimento com vitaminas e minerais. É também por esse motivo que a melhor dieta para um pet é aquela feita em casa.

(…)

Como os pets podem não obter todos os nutrientes de que precisam da dieta, médicos holísticos recomendam suplementação. Um desses suplementos é justamente o de vitaminas e minerais. Você escolheria um suplemento natural ou seria aceitável utilizar um suplemento sintético?

A informação a seguir foi retirada de um relatório escrito por Judith DeCava para a edição de maio/junho de 1999 do periódico Nutritional News and Views. Intitulado “Of Foods and Suplemments” (“Sobre Alimentos e Suplementos”), essa discussão dá uma idéia geral de por que muitos médicos holísticos recomendam suplementos naturais em vez de vitaminas sintéticas e frações de minerais.

Como a Sra. DeCava aponta, vitaminas e minerais são substâncias orgânicas complexas. Vitaminas consistem em um grupo de compostos quimicamente relacionados trabalhando juntos, em sinergia. Separar esse complexo grupo de compostos em frações isoladas (por exemplo, extrair o ácido ascórbico do complexo Vitamina C inteiro) converte o complexo vitamínico em uma fração química incompleta e de utilidade mínima ou nula para as células vivas.

Embora a estrutura química da maioria dos complexos vitamínicos tenha sido determinada, pouco se sabe a respeito de todos os componentes interdependentes e interativos. A verdadeira potência do complexo vitamínico ou mineral se deve às ações combinadas de todas as partes, e não somente às ações de segmentos isolados do complexo. Existem muitas substâncias fitoquímicas (provenientes das plantas) que ainda não foram descobertas. Oferecer o complexo vitamínico natural inclui todos esses componentes ainda não conhecidos.

Vamos conhecer algumas pesquisas recentes e entender porque isso é importante. Os estudos que discutirei a seguir são exemplos da literatura médica humana. Conclusões similares são provavelmente aplicáveis aos nossos animais de estimação, embora faltem estudos controlados.

Grandes grupos de pessoas que ingeriram beta-caroteno sintético tiveram riscos de câncer aumentados. Já pessoas que consumiram dietas ricas em beta-caroteno apresentaram riscos de câncer reduzidos. Complexos presentes no alimento integral, como dietas ricas em alimentos contendo beta-caroteno, oferecem uma proteção não encontrada nos suplementos sintéticos de beta-caroteno. Por que? Porque alimentos contêm não apenas beta-carotenos, mas muitos outros carotenóides e inúmeros fitoquímicos não encontrados na forma isolada do beta-caroteno.

A vitamina E contém antioxidantes necessários para a manutenção da saúde. A maioria dos suplementos sintéticos contém apenas alfa-tocoferol; entretanto, esse é apenas um dos muitos tocoferóis presentes no complexo vitamina E. A gama tocoferol é um antioxidante ainda mais potente que o alfa tocoferol e não está incluído na maior parte dos produtos sintéticos (procure produtos naturais cujo rótulo indique “tocoferóis mistos” para obter gama tocoferol e outros tocoferóis). Na ausência do restante do complexo vitamina E, o alfa tocoferol não ajuda a melhorar o sistema imune e pode causar desequilíbrios no organismo.

Qualquer vitamina ou mineral sintético pode causar problemas similares por não contarem com todos os muitos nutrientes presentes nos alimentos crus e suplementos alimentares crus. Dosagens altas de suplementos de vitamina A aumentaram a incidência de defeitos congênitos em fetos, mas a ingestão similar de alimentos ricos em vitamina A por parte das gestantes não resultou nesses problemas. Os pesquisadores intuíram que a vitamina A presentes nos alimentos, que é naturalmente balanceada com cofatores sinérgicos, minerais, elementos-traço e fitoquímicos, tinha efeito protetor e não causavam toxicidade.

Com relação à vitamina C, a forma natural também é preferível ao ácido ascórbico sintético que é também apenas uma parte do complexo vitamina C. Uma grande vantagem de ingerir vitamina C por meio de alimentos é que você também obterá outros nutrientes importantes para a saúde ao mesmo tempo, como bioflavonóides e carotenos.

Isso não quer dizer que vitaminas e minerais sintéticos não devam ser utilizados. Muitas vezes, é necessário utilizá-los para oferecer alívio imediato ao pet. Por exemplo, se um animal está apresentando convulsões como resultado de uma tetania hipocalcêmica (por baixos níveis de cálcio no sangue), ele precisa receber cálcio sintético imediatamente ou morrerá. Um cão envenenado por um raticida antagonista da vitamina K, precisará receber essa vitamina. Vitaminas e minerais sintéticos são úteis para um grande número de desordens, como alergias, epilepsia, eclampsia, enterites, etc.

No entanto, para suplementação a longo prazo, sempre que possível, ofereça alimentos naturais como fonte de vitaminas e minerais. O organismo de cada animal é diferente, e, portanto, cada pet possui exigências de vitaminas e minerais distintas. Referências como o END (Exigências Nutricionais Diárias) podem ser adotadas por sugerirem quantidades mínimas de vitaminas e minerais necessárias para prevenir deficiências. No entanto, tais valores de modo algum nos mostram o cada indivíduo requer. Cada animal possui necessidades que diferem dos outros.

Por exemplo, as exigências de um filhote em crescimento são diferentes das de um cão idoso ou de um adulto saudável. É difícil alimentar o pet com vitaminas sintéticas e com frações de minerais sem algum conhecimento dos requerimentos nutricionais específicos daquele animal.

Ao oferecer os complexos contidos nos alimentos, o corpo do animal pode assimilar o que precisa naquele momento mesmo que os valores sejam diferentes dos citados em tabelas nutricionais. Essa absorção seletiva permite que o corpo utilize o que precisa e descarte o resto. Já as vitaminas e minerais quimicamente sintetizados não oferecem essa opção para o organismo; em vez disso o corpo precisa lidar com aquela substância de alguma maneira e poderá sofrer conseqüências como desbalanços químicos ou superdosagens.

Enquanto um alimento pode ser isolado quimicamente em porções individuais, o corpo não consegue se manter com saúde usando apenas frações isoladas. Isolar uma vitamina ou mineral separadamente é semelhante a retirar a bateria de um relógio e chamá-la de relógio. Simplesmente não é a mesma coisa.

Nutrientes naturais, ao contrário de pedaços de nutrientes quimicamente sintetizados, atuam de modo sinérgico. Por exemplo, o complexo vitamina C trabalha em sinergia com os complexos vitamina A e K. Dar somente o ácido ascórbico interrompe essas sofisticadas interações entre complexos de vitaminas. Já que a natureza não produz frações de vitaminas e de minerais e sim em formas elaboradas e integrais, são desses complexos que o corpo precisa.”

Conclusão
De acordo com o Dr. Messonier, e com as fontes que ele cita no livro, vitaminas e minerais sintéticos não apenas apresentam desempenho inferior no organismo quando comparados aos suplementos naturais, como podem ser tóxicos. Isso me lembra uma matéria que li esse ano sobre os efeitos prejudiciais de complexos multivitamínicos que muitas pessoas tomam diariamente, sem saber se, de fato, precisam daqueles elementos. A partir de uma certa dosagem, vitaminas deixam de ser benéficas e passam a agir como fármacos, interferindo negativamente no metabolismo. Recentemente, em uma aula de homeopatia (fiz um curso de extensão), um dos palestrantes falou exatamente sobre isso, sobre a interação entre o medicamento homeopático e os suplementos sintéticos, que devem ser suspensos durante o tratamento. Aqui pingamos nas dietas dos cães vitamina C diariamente (porque seu excesso é eliminado pela urina) e vitamina E algumas vezes por semana. Mas o ideal parece ser mesmo a oferta regular de alimentos ricos nessas vitaminas, como morango, goiaba branca, acerola, ricos em vitamina C; e óleos vegetais, verduras folhosas e gema de ovo, ricos em vitamina E. Também fazemos uso de levedura de cerveja e fuccus inteiro, que são suplementos vitamínicos e minerais naturais.

Bom apetite e uma lambida do Cachorro Verde!

Publicado em 6 de agosto de 2008 por Sylvia Angélico