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Dog Healthcare: vaccination. Isolated over white background.

Créditos da foto: petsci.co.uk

Sim, é importantíssimo imunizar corretamente nossos peludos; ninguém aqui é contra vacinas. Mas a vacinação não é um procedimento inócuo. Há riscos, sempre. Para minimizar esses riscos podemos (eu diria que devemos) adotar protocolos individualizados, sempre que isso é possível, para evitar aplicações que não são realmente benéficas àquele indivíduo. A literatura científica internacional vem mostrando nos últimos 15 anos que nem todos os cães precisam tomar todas as vacinas todos os anos, compulsoriamente e arbitrariamente.

A vacina contra leptospirose, por exemplo, é considerada opcional pelas novas diretrizes vacinais. Ela oferece proteção de grau baixo a moderado, não funciona em até 30% dos casos, cobre apenas algumas das espécies de bactérias causadoras da doença, tem proteção de somente 3 a 6 meses e impõe risco significativo de provocar reações adversas por conter adjuvante à base de alumínio na composição – metal pesado que “irrita” o sistema imune para induzir à produção de anticorpos.

É preciso pesar direitinho os prós e os contras dela e o estilo de vida do cão em questão. Em muitos casos, acaba valendo mais a pena alertar o tutor a não deixar o peludo entrar em poças de água parada ou beber água onde um rato possa ter feito xixi, duas das formas mais frequentes de se contrair essa doença.

(Para compreender a fundo a importantíssima questão de não se abusar de vacinas, não deixe de conferir meus artigos linkados ao final deste post, com fartura de referências científicas.)

Na semana passada, o jornal britânico The Telegraph anunciou que milhares a cães no Reino Unido estão morrendo ou apresentando reações alérgicas severas depois de tomarem uma vacina contra leptospirose. Traduzi partes do texto que você pode ler no idioma original aqui, se preferir.

“Receio acerca da segurança da vacina contra leptospirose – uma infecção bacteriana disseminada aos cães através do contato com a urina de roedores e animais silvestres – levou organizações veterinárias a emitir advertências sobre seus efeitos adversos.

A entidade internacional World Small Animal Veterinary Association (WSAVA) reforça há anos que tutores de cães não usem a vacina Nobivac L4 em filhotes com menos de 3 meses de vida. Contudo, o The Telegraph averiguou que a vacina ainda é administrada em toda a Inglaterra a filhotes a partir das 7 semanas de vida, com pouca advertência sobre seu potencial de provocar reações adversas.

De acordo com queixas repassadas por tutores de cães à agência Government’s Veterinary Medicines Directorate (VMD), mais de 120 cães podem ter morrido após receberem uma dose desta vacina nos 3 anos em que ela está disponível no mercado. Nos últimos 2 anos, a agência recebeu 2.000 queixas de cães que apresentaram suspeita de reações adversas ou de morte após a aplicação da vacina.

A leptospirose pode causar doença renal e morte em casos extremos, mas não é recomendada como vacina “core” (fundamental) para ser aplicada rotineiramente. Os efeitos colaterais observados em cães que receberam a vacina incluem episódios de convulsões, gânglios linfáticos aumentados e cegueira.

Carol Blackburn-Harvey, uma criadora de cães da raça Russian Tsvetnaya Bolonka, afirma que três semanas após ter recebido a vacina, sua cadela ficou cambaleante e apresentou dificuldades para caminhar. Depois de várias tentativas de tratar a condição que só piorava – incluindo quimioterapia no valor de 6 mil libras – a cadela foi reavivada de um coma, mas morreu dias depois, de meningite.

A vacina, que é fabricada pela empresa MSD Animal Health, subsidiária do conglomerado americano Merck Sharpe & Dohme, está sendo monitorada pela agência VMD. (…) Em 2014, a European Medicines Agency solicitou que advertências fossem adicionadas à bula da vacina para que “os riscos associados ao produto sejam plenamente compreendidos”, enfatizando que “reações adversas identificadas incluem principalmente reações anafiláticas e diversas condições imuno-mediadas, como anemia, trombocitopenia (redução do número de plaquetas no sangue) e artrite”.

(…) Gudrun Ravetz, Vice-Presidente Junior da British Veterinary Association disse: “é crítico que tutores de pets reportem qualquer e toda suspeita de reações adversas aos veterinários de seus animais para que elas possam ser investigadas cientificamente a fundo e reportadas aos órgãos regulatórios competentes.”

Meus artigos sobre protocolos atualizados para cães:

* Vacinar é importante. Educar-se a respeito de vacinas também é.

* Novas diretrizes vacinais para cães – uma abordagem técnica e ética.

* Vacinas para cães: afinal, quais e quando aplicar?

* Kit Vaccichek de titulação de anticorpos vacinais – nós testamos!