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Fonte: www.gradinggirl.com

“Introduzi a dieta de acordo com as recomendações do site, mas meu cão ocasionalmente vomita os meaty bones (ossos carnudos) ou a carne. O que pode estar acontecendo?”

ou

“Meu cão recebe Alimentação Natural há meses e nunca teve problemas. Mas, de uns tempos pra cá ele passou a vomitar de vez em quando os meaty bones ou a carne. O que posso fazer?”

Regurgitação?

Em primeiro lugar, é preciso diferenciar vômito de regurgitação, uma distinção importante para entender o que está acontecendo. Regurgitação é a “devolução” imediata do alimento. O cão acaba de engolir a comida e ela volta, inteirinha, sem nenhum sinal de digestão. O cão não parece apresentar nenhum desconforto após regurgitar. Pelo contrário. A maioria cheira o alimento expelido e volta a comê-lo com a maior naturalidade, como se nada tivesse acontecido.

A regurgitação é um processo simples e fisiológico que envolve basicamente o esôfago, tubo por onde a comida desliza em direção ao estômago. É um mecanismo de defesa do organismo. O alimento mal mastigado ou engolido às pressas sofre as fortes contrações do esôfago na direção contrária e é sumariamente devolvido. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, regurgitar ocasionalmente não traz problemas para o animal. Não se trata de um processo patológico (doença) e não vem acompanhado por outros sintomas, como diarréia, dor e prostração.

Devolver o alimento pode ocorrer principalmente durante as primeiras semanas de introdução da dieta natural. Nesse período, regurgitar meaty bones ou carne pode até ser didático. Cachorros afobados vão aprender que a comida não desce em grandes nacos e/ou sem mastigar. A regurgitação passa a ser preocupante quando ocorre diariamente, impedindo o cão de se alimentar e levando à perda de peso. Se esse for o caso de seu cão, um médico-veterinário deverá ser consultado para que distúrbios esofagianos, como esofagite e megaesôfago (esôfago flácido, incapaz de conduzir o alimento ao estômago), sejam investigados. Observação: cães com megaesôfago podem receber uma versão pastosa da dieta natural.

Minimizando regurgitações ocasionais

Devolver o alimento de vez em quando não traz problemas aos cães. Mas compreendo que algumas pessoas queiram minimizar essas ocorrências ao máximo. Regurgitações geralmente ocorrem por falta de mastigação ou deglutição de uma grande quantidade de comida rápido demais. E em geral os meaty bones são as peças mais devolvidas. Experimente oferecer peças grandes, impossíveis de engolir de uma vez. Algumas sugestões:

  • Cães de grande porte: asas de peru (são bem grandes), dorso de frango inteiro e peito de boi.
  • Cães de médio porte: dorso de frango inteiro ou cortado em dois pedaços, asa de frango inteira, pescoço de peru.
  • Cães de pequeno porte: 1/3 ou 1/4 de dorso de frango, pescoço de frango com cabeça, coxa de frango, pé de frango.

Moral da história: prefira sempre peças maiores, que dêem mais trabalho para comer. Percebo que minha Dachshund Pêlo Longo de 4,5kg mastiga cabeças, pés, coxas e principalmente pedaços de dorso de frango. E não mastiga bem pescoços sem cabeça. Meu Pastor de Shetland (9,5kg) mastiga tudo, mas pescoço ele engole com menos trabalho. E o mesmo vale para nossas Goldens: praticamente engolem pescoços, mastigam um pouco asas e coxas, e passam mais tempo quebrando dorsos de frango inteiros e asas de peru. Entretanto, como raramente temos regurgitações, oferecemos um rodízio de todas essas peças a eles.

Ofereça peças que incentivam a mastigação
Fonte: www.skonbull.com

Vômito?

Vômito é um processo mais complicado que a regurgitação e em geral merece mais atenção. Vomitar envolve o estômago (e muitas vezes o intestino também), os músculos abdominais, o esôfago e o sistema nervoso central. Horas depois de se alimentar, o cão demonstra não se sentir bem e dá início a um ritual. Fica agitado, andando de um lado para o outro. Procura um cantinho. Começa a salivar, a ter contrações involuntárias na região do abdômen e ânsia de vômito. O cão finalmente expele o alimento digerido ou parcialmente digerido e acompanhado por líquidos estomacais e/ou intestinais, como “espuma”, secreções amareladas ou esverdeadas (bile).

Quando levar o pet que vomita ao veterinário?

Se aconteceu apenas uma vez, isoladamente, e o animal parece estar bem, sem sinais de febre, diarréia ou prostração, não é motivo para preocupação. Mas sempre que um cão ou gato vomitar três ou mais vezes em um dia, ou por dois ou mais dias seguidos, o veterinário deverá ser consultado. Doenças virais e bacterianas de curso agudo podem provocar vômitos consecutivos, o que pode deixar o animal rapidamente desidratado e debilitado. Vômitos contínuos são emergência médica – leve o pet ao veterinário imediatamente.

Vômito isolado

Em geral, o vômito isolado, aquele que não traz prejuízos ao animal e que acontece raramente, geralmente decorre de:

  • mudança brusca na dieta;
  • transtornos emocionais;
  • ingestão de grama, areia, água do mar, insetos, pêlos, etc, ou objetos

Como agir em caso de vômito isolado?

Se o animal estiver bem, disposto, bebendo água, brincando, não é necessário levá-lo ao veterinário. Com algumas medidas, você mesmo pode acalmar o estômago do seu pet.

  • Suspenda a comida. Nessas horas, a maioria dos donos faz justamente o oposto: fica tentando oferecer vários tipos de comidinhas diferentes ao pet, para ver se ele come. Não faça isso. O estômago precisa ser poupado para se recuperar do mal estar. Você não levaria um cão que torceu a pata para correr no parque, não é mesmo? Ele precisa repousar. Com o estômago é a mesma coisa. A melhor maneira de acalmar o estômago é promovendo um jejum de 12 a 24 horas. Não se preocupe: o jejum não fará mal algum ao seu cão. Ele não emagrecerá e não ficará debilitado. Na natureza os lobos jejuam entre as caçadas e acredita-se que isso fortaleça seu organismo. Se ele ficar atrás de você pedindo comida, convide-o para brincar ou escove-o.
  • Maneire na quantidade de água oferecida. Vomitar dá sede, mas beber um monte de água de uma vez deixará o estômago ainda mais mareado e o pet poderá vomitar toda a água. O melhor a fazer é oferecer pequenas quantidades de água a cada 20-30 minutos. Uma colher de sopa de água ou um cubo de gelo por vez, para ele ir lambendo, são boas opções. É importante que ele ingira água, para se manter hidratado.
  • Após jejum de no mínimo 12 horas, ofereça uma refeição leve dividida em várias pequenas porções ao longo do dia. Uma opção consagrada é a canja de frango feita com arroz branco cozido bem molinho, em papa, um pouco de peito de frango cozido, um fio de azeite (ou outro óleo vegetal) e um pouco de cenoura bem cozida (opcional). Essa dieta pode ser mantida por um ou dois dias. Reintroduzida gradativamente a dieta anterior a fim de não irritar o estômago. Para obter dicas de como voltar com a dieta natural para cães, clique aqui; e para gatos, clique aqui.
  • Em seu livro, Dr. Richard Pitcairn, médico-veterinário norte-americano homeopata e Ph.D em Imunologia, dá a dica de um bom remédio homeopático para vômitos. O rmedicamento fará efeito mesmo que o cão vomite em seguida, já que é rapidamente absorvido pela mucosa oral. É a Ipeca (feito de raiz de ipecacuanha) na potência 6CH. Pingue 5-6  gotasna boca do pet. Outro remédio homeopático útil, talvez mais fácil de encontrar que a Ipeca, é o Nux vomica, na potência 12CH. Administre 5 gotas ou glóbulos, três vezes ao dia. Remédios homeopáticos são encomendados em farmácias homeopáticas. Observação: o tratamento homeopático não tem contra-indicações.
  • O livro Primeiros Socorros para Cães e Gatos, de Amy D. Shojai, passa uma orientação geral interessante para gatos que vomitam de vez em quando, com bom estado geral: “dê Kaolin/Pectina. Você poderá dar de 1 a 2 colheres de chá para cada 5kg de peso, a cada seis horas, mas não o use por mais de um dia.” Kaolin/Pectina é encontrado em farmácias de manipulação e drogarias.

Vômitos ocasionais, porém regulares

Alguns pets apresentam um episódio de vômito por semana, por quinzena ou mesmo por mês, regularmente. Em geral, aparentam estar bem e não apresentam outros sintomas. Casos assim merecem ser investigados junto ao médico-veterinário e na grande maioria das vezes têm solução. Veja abaixo as principais hipóteses para esse tipo de vômito. Procure descartar as possibilidades nessa ordem, que é do contratempo mais fácil ao mais complicado de se resolver.

Introdução brusca da Alimentação Natural

Novas dietas precisam ser introduzidas gradativamente. Sim, existem casos bem-sucedidos de mudanças bruscas de dieta. Mas não recomendo, uma vez que a Alimentação Natural tem um pH, uma composição, um perfil de microorganismos e uma textura muito diferentes de qualquer ração ou mesmo de uma dieta caseira cozida tradicional. Sabe o piriri que acomete viajantes que abusam da exótica gastronomia local? Pois é, o mesmo pode acontecer quando o pet migra abruptamente de um cardápio para outro.

Como a maioria dos donos não promove o jejum que restaura o estômago às condições originais, os vômitos vão ficando crônicos. Se você acha que não introduziu corretamente a dieta natural de seu pet, suspenda a comida por no mínimo 12 horas, maneire na água (mas mantenha o pet hidratado), ofereça a canja de frango por alguns dias e promova uma reintrodução cuidadosa da Alimentação Natural, tal como recomendamos para cão ou para gato.

Abrasão

A Alimentação Natural, com seus meaty bones, peixes inteiros, etc, é uma dieta relativamente abrasiva. Isso é bom porque imita a dieta ancestral dos canídeos e felinos selvagens e ajuda manter os dentes limpos e as mandíbulas fortes, já que os pets precisam mastigar essas peças. Entretanto, o estômago mais sensível de alguns cães e gatos pode estranhar os ossos. Felizmente, e posso citar um caso que vivenciei em casa, além de dezenas de outros que acompanhei por e-mail, esse problema tem uma solução tranquila.

Minhas duas Goldens, que têm idades diferentes, quando filhotinhas começaram a apresentar vômitos de madrugada. Um único vômito de madrugada, todas as noites. Nenhum vômito de dia ou de tarde. Como o estado geral delas era bom, julguei que por qualquer motivo a digestão delas à noite não andava às mil maravilhas. E passei a oferecer no jantar meaty bones mais molinhos, como pescoço de frango com cabeça, triturados no nosso pequeno processador de alimentos. Dito e feito. Nada de vômitos noturnos.

Mantive o jantar de meaty bones moídos por uma semana – nas demais refeições elas continuavam a receber outros meaty bones inteiros – e gradativamente fui reintroduzindo pescoços cortados em pedaços pequenos, depois em pedaços maiores, e finalmente, inteiros, além de outras peças, como dorsos e asas. Logo, elas estavam comendo a dieta natural à maneira tradicional, sem problemas. Até hoje não sei porque vomitavam de madrugada, mas o problema foi resolvido. Sempre dou essa dica a quem me escreve relatando esse tipo de vômito e em geral temos sucesso.

Contudo, se após a cuidadosa reintrodução dos meaty bones (de triturados a inteiros), o pet continuar vomitando, pode ser que uma dieta natural com meaty bones sempre moídos ou uma dieta caseira sem ossos seja a solução. Seja como for, não deixe de consultar o veterinário.

Intolerância alimentar

A Alimentação Natural foi introduzida gradativamente, o pet estava indo super bem, mas de repente começou a apresentar episódios esporádicos de vômito? Suspeite de intolerância alimentar. Não é o mesmo que hipersensibilidade (ou alergia) alimentar. Essa última em geral provoca sintomas dermatológicos, como coceira, queda de pêlos, vermelhidão e infecção da pele e está relacionada com o sistema imunológico. A intolerância alimentar é um fenômeno do trato digestório, que não envolve a imunidade e que provoca vômitos e/ou diarréia.

Alguns cães são intolerantes a frango, outros a carne bovina. Mas teoricamente, qualquer alimento pode desencadear intolerância. É algo pessoal, do indivíduo. Para descobrir se esse é o caso de seu pet, converse com o médico-veterinário sobre a oferta de uma dieta de eliminação. Trata-se de uma alimentação restrita, geralmente composta por uma fonte de proteína que o pet nunca tenha comido e uma fonte de carboidrato, como batata-doce ou arroz cozidos (dispensável para gatos, carnívoros estritos).

Essa dieta não é adequada para filhotes, gestantes, lactantes e animais doentes, e deve ser oferecida por pelo menos 4 semanas sem interrupção. Durante esse período nenhum outro alimento deve ser oferecido ou todo o esforço terá sido em vão. Os vômitos pararam? O animal provavelmente sofria mesmo de uma intolerância alimentar. Nesse caso, reintroduza frango ou carne bovina – um de cada vez, com pelo menos uma a duas semanas de intervalo – à dieta e observe. Ele vomitou? Provavelmente esse é o alimento deflagrador do vômito. Gradativamente – percebeu que “gradativamente” é palavra de ordem para um estômago feliz, né? – reintroduza uma versão da dieta natural que exclua o(s) alimento(s) problemático(s).

Outras causas

Dieta não balanceada: excesso de ossos, de vegetais ou de gordura pode provocar vômitos nos animais. Procure seguir as orientações que sugerimos no site para formular e compor a dieta do seu melhor amigo. Algumas raças caninas, como Buldogue Francês e Pug, podem ser intolerantes a gordura. Se você tem um cãozinho desses e ele apresenta vômitos crônicos, experimente reduzir o teor de gorduras e/ou de fibras da dieta. Para isso, consulte seu médico-veterinário e/ou entre em contato conosco por e-mail (contato@cachorroverde.com.br)

Emocional: alguns pets vomitam porque estão estressados. Há alguns anos, adotamos uma gatinha que vomitava regularmente. Foi examinada, fizemos endoscopia, ultrassom, mudamos a dieta e não encontrávamos uma causa. Ela era incrivelmente medrosa e a convivência com nossos outros dois gatos parecia estressá-la. Uma veterinária conhecida nossa que havia perdido seu gato recentemente se ofereceu para adotá-la. E não é que os vômitos pararam? Para casos assim, é provável que Homeopatia e/ou Florais de Bach ou de Saint Germain também ajudassem.

Corpo estranho: a Sheltie de uma amiga nossa apresentava vômitos esporádicos misteriosos. Com Alimentação Natural e Homeopatia esses vômitos se tornaram mais espaçados. Mas continuavam acontecendo e a família da cadelinha foi levando. Certo dia, ela precisou ser submetida a uma radiografia para investigar um problema de coluna que não tinha relação com os vômitos. Na região correspondente ao estômago, os veterinários por acaso visualizaram um objeto retido. A cadelinha tinha um corpo estranho.!Com endoscopia verificaram o que era: um caroço de fruta bizarro que ela havia engolido há muitos meses, antes mesmo de passar a receber dieta natural. Retirado o corpo estranho, ela parou de vomitar e passou até a se mostrar mais feliz e disposta.

Gastrite crônica: exames como endoscopia e biópsia investigam a mucosa do estômago e do duodeno. O pet pode sofrer de gastrite/enterite e/ou infecção estomacal, como helicobacteriose (condição causada pela bactéria helicobacter, que pode atacar o estômago – e que, diga-se de passagem – não é transmitida pela ingestão de carnes cruas).

Ingestão de alimentos tóxicos: batatas cruas, abacate, linhaça crua, sementes de maçã. Clique aqui para ver uma lista completa de alimentos que podem intoxicar cães e gatos e entenda porquê essas comidas fazem mal.

Administração de certos medicamentos: fármacos como aspirina, fenilbutazona, ibuprofeno, diclofenaco potássico e sódico (“cataflam” e “voltaren”), indometacina, naproxeno, piroxicam, meloxicam, flunixina meglumina, carprofeno, etodolaco e corticóides como dexametasona podem provocar distúrbios gástricos nos pets, dependendo da dosagem, do tempo de uso e da sensibilidade do animal. Alguns são mais prejudiciais para cães, outros para gatos. Na dúvida, consulte o veterinário.

Doenças: enfermidades como câncer (de estômago ou em qualquer parte do corpo), doenças renais, hepáticas, intestinais, neurológicas e pancreáticas, quadros de dor, podem fazer o pet vomitar regularmente. Um minucioso check-up com exames laboratoriais e de imagem ajudará a descobrir a causa.

Referências bibliográficas:

Bom apetite e uma lambida do Cachorro Verde!