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Esses dias, a querida Jéssica Vieira, tutora da cão-guia @segueazoe que me orgulho de ter como paciente, nos fez um pedido especial. Sendo uma pessoa com baixa visão, a Jéssica nos sugeriu uma postagem sobre alimentos que podem ajudar a prevenir doenças oculares nos cães e nos gatos, como a catarata.

Então, aqui está!

Os quadros que acometem os olhos dos pets são inúmeros: glaucoma, entrópio, ectrópio, protrusão da glândula da terceira pálpebra (vulgo “cherry eye”), degeneração lenticular, pannus, ceratoconjuntivite seca, atrofia progressiva de retina, úlcera de córnea, uveíte e outros. Alguns  têm causa hereditária, outros mecânica (anomalias anatômicas, trauma etc), outros são decorrentes de infecções ou de acometimentos em outros órgãos, ou mesmo do processo natural (ou acelerado) de envelhecimento.

Uma vez instalada, a doença em questão será tratada com medicamentos tópicos e em alguns casos até com cirurgia, a critério do profissional.

Mas a alimentação, Jéssica, tem sim, um enorme papel na prevenção de várias das condições mencionadas acima. Isso, porque a integridade da visão depende diretamente do aporte de vitaminas e antioxidantes e se beneficia tremendamente com nutrientes como os ácidos graxos ômegas-3, que combatem vários fatores prejudiciais aos olhos (excesso de gordura no sangue, hipertensão, trombose e inflamação).

Ovos

Taí um alimento benéfico à saúde dos olhos por excelência. Contém compostos sulfurados que protegem contra catarata, e luteína e zeaxantina, que em humanos previnem a degeneração macular. Fornecem ainda a vitamina E, valioso antioxidante, além de beta-caroteno (precursor da vitamina A) e a própria vitamina A, fundamental para a visão noturna. Ovos de galinhas caipiras costumam ser ainda mais ricos nesses compostos.

Sugestão: 1/4 de ovo de galinha (ou 1 ovo de codorna) para cada 5kg de peso do cão ou do gato, até um máximo de 2 ovos de galinha, 3-5 dias por semana.

Ômega-3 (EPA e DHA)

O ácido graxo docosahexaenóico (“DHA”) é um dos principais lipídeos na composição da retina. Sardinha, manjuba, arenque, anchova e salmão selvagem (não o de cativeiro) são boas fontes. Para pets que não aceitam/toleram peixe pode-se administrar óleo de peixe/de krill/de lula em cápsulas – ou óleo de fígado de bacalhau de boa qualidade, que além dos ômegas, fornece as valiosas vitaminas A e D.

Sugestão: peixes ricos em ômega-3 podem compôr de 10% a 30% da dieta do seu cão ou gato, 3-5 dias por semana.

Vísceras secretoras

Incluir diariamente uma pequena quantidade (5% a 10% do total da dieta bastam) de vísceras secretoras aumenta o aporte de nutrientes amigos dos olhos. O pulmão (“bofe”) é fonte de vitaminas C e B12, selênio e magnésio. O fígado é uma potência de vitamina A; em 50g desse alimento há quase 8.000 UI desse nutriente. Lembra do ácido graxo DHA? Uma porção de 50g de cérebro bovino (“miolo”) tem cerca de 430mg de DHA! (Lembrando que quando servimos cabeças de animais – de peixes, aves etc estamos ofertando cérebro.)

Vitamina C

Amiga dos olhos, a vitamina C protege os vasos sanguíneos oculares e previne catarata. É encontrada em doses generosas no kiwi (70mg em uma unidade) e no pimentão vermelho (quase 100mg em 1/2 xícara dele). O calor do cozimento desnatura a vitamina C, então ofereça o pimentão cru e triturado. Obs: sim, cães saudáveis podem tranquilamente consumir pequenas quantidades de frutas cítricas.

Folhas verde-escuras

Verduras folhosas escuras, como agrião, couve-manteiga, rúcula, escarola, folhas de beterraba, catalônia e espinafre fornecem carotenóides, vitaminas do complexo B, C, K e E, magnésio, além de uma variedade de fitonutrientes. Sugiro inclui-las como 3% do total de alimento da dieta. Para nossos carnívoros de estimação as aproveitarem melhor, inclua-as sempre trituradas ou bem picadinhas, cruas ou levemente cozidas.

Brócolis

Boa fonte dos carotenóides pró-visão zeaxantina e luteína, fornece também betacaroteno. Não despreze as folhas; elas concentram ainda mais betacaroteno que o caule e os floretes. Um elemento conhecido como sulforafane aumenta a proteção do corpo contra o dano oxidativo, o que beneficia a retina. Inclua brócolis – ou couve-flor ou repolho roxo ou verde – na porção de vegetais da dieta, 3x por semana, cru ou levemente cozido, de preferência, triturado.

Sementes e castanhas

Sementes de chia, linhaça, girassol e gergelim, além de castanhas (amêndoas, avelãs e nozes), são boas fontes de magnésio, mineral que relaxa as paredes dos vasos sanguíneos, favorecendo o fluxo sanguíneo, e de vitamina E, que atua prevenindo catarata e, em humanos, a degeneração macular. Sugestão: adicione 1 colherinha de café de sementes para cada 5kg de peso do pet – até um máximo de 1 colher de sopa – 3x por semana a uma das refeições. E/ou metade dessa medida de castanhas, sempre trituradas ou raladas. Não dê macadâmias; são tóxicas aos pets.

Cenoura, abóbora e batata-doce

Difícil não pensar na cenoura quando o assunto são alimentos para a saúde dos olhos, né? Pois a queridinha da visão merece esse crédito. É ótima fonte do betacaroteno, importante para a formação de pigmento na retina e protetor do revestimento celular dos olhos. Abóbora e batata-doce são outras boas fontes do elemento. Ofereça a cenoura crua ou cozida, mas a abóbora e batata-doce sempre cozidas.

Outros cuidados

A saúde dos olhos é bastante vulnerável a exposição a poluentes, deficiência de antioxidantes e vitaminas, excesso de cálcio sintético, alterações metabólicas e cardiovasculares, quadros inflamatórios, envelhecimento e estresse.

Logo, proteger os olhos do pet passa por mantê-lo no peso saudável, repensar condutas tóxicas, oferecer uma dieta variada e equilibrada e uma vida estimulante, com direito a descanso de qualidade. E, já sabe, né? Ao notar alguma alteração nos olhos do peludo, procure a veterinária.

Sylvia Angélico
Médica Veterinária
pós-graduada em Nutrição Animal
CRMV-SP 29945

Comunicado Cachorro Verde

As informações divulgadas em nossas postagens possuem caráter exclusivamente educativo e não substituem as recomendações do médico-veterinário do seu cão ou gato. Por questões ético-profissionais, a Dra. Sylvia Angélico não pode responder certas dúvidas específicas sobre questões médicas do seu animal ou fazer recomendações para seu pet fora do âmbito de uma consulta personalizada. Protocolos de tratamento devem sempre ser elaborados e acompanhados pelo médico-veterinário de sua confiança.

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