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Uma das minhas ferramentas favoritas para prevenir doenças e promover saúde em cães e gatos é o caldo caseiro de ossos!
Confira algumas das situações em que esse poderoso caldo por ajudar o seu peludo:

Reforço nutricional

Por ser feito a partir de ossos, cartilagem, medula, ligamentos e tendões, o cado é uma excelente fonte de aminoácidos, em especial prolina, glicina (que ajuda o fígado a eliminar toxinas) e glutamina. Também fornece cálcio, fósforo, silício e outros microminerais, além de glucosamina e condroitina. Tudo em forma fácil de digerir e assimilar (absorver). Mas é importante informar que a oferta de caldo não substitui a suplementação de vitaminas e minerais das dietas caseiras.

Ingestão hídrica

Tem um peludo que precisa ingerir mais líquidos para produzir urina mais diluída (e assim prevenir infecções bacterianas da bexiga ou formação de cálculos urinários)? Oferecer 2 pequenas porções de caldo a ele por dia resolve o problema! (Acho melhor do que adicionar água às refeições, porque fazer isso dilui o suco gástrico, atrapalhando a digestão.) É uma excelente maneira de incentivar gatos que comem ração seca (e não aceitam alimento úmido) a beber mais água.

Saúde digestiva

Um estudo de 2021 verificou que o consumo de caldo de ossos modulou a resposta inflamatória e reduziu sintomas em ratinhos portadores de colite ulcerativa. Muitos profissionais – me incluo aqui – observam que servir caldo a pacientes com sensibilidade digestiva previne e ajuda a corrigir o aumento da permeabilidade intestinal. Também indico servir um pouco de caldo antes do pet ir dormir para evitar aquele vômito bilioso (espuminha amarela) matinal que alguns peludos têm.

Alimento emergencial

Para cães e gatos no pós-cirúrgico e também aos que tiveram gastroenterite aguda, recomendo servir algumas porções de caldo morno por 24h como único alimento, para fornecer de forma palatável nutrientes antiinflamatórios, cicatrizantes e fáceis de absorver. Resolve diarréias e vômitos agudos que é uma beleza! Servir caldo a pets com apetite reduzido – desnutridos, debilitados, internados, em cuidados paliativos etc – ajuda a manter a hidratação e o intestino funcionando.

Apetite seletivo

Tem um pet frescurento para comer? O caldo é um ótimo aliado e pode ser usado de várias maneiras. Sirva um pouco de caldo antes de servir a refeição – isso dá início ao processo digestivo e costuma derrubar a falta de apetite. Use caldo como um molho sobre a comida para dar um cheirinho extra. Cozinhe os alimentos da dieta que seu pet menos gosta no caldo. Para manter tudo sempre interessante varie a base do caldo: prepare com ossos bovinos, suínos, frango, peru etc.

Petisco turbinado

Recheie brinquedos com caldo e congele – está pronto um picolé lúdico. Prepare um caldo mais denso (caldos feitos com ossos suínos ou bovinos costumam ficar mais gelatinosos) e espalhe sobre estruturas de lamber. Para cães e gatos gulosos e acima do peso, sirva gelinhos de caldo – ou caldo morno, derretido – puro ou diluídos em água (2 partes caldo, 1 parte água) como petisco. Muitos adoram e o caldo é pouco calórico.

Mil e uma utilidades

Precisa administrar uma medicação em pó? Dilua em uma porção de caldo (frio, em temperatura ambiente ou morno).

Está considerando fazer um dia de jejum de sólidos com seu cão (adulto e saudável)? O caldo pode ser servido nesse dia; não interfere nos benefícios do jejum e das dietas cetogênicas.

Suas propriedades antiinflamatórias não atuam somente na digestão. O caldo também alivia dores articulares e musculares.

Contraindicações

Tipicamente o caldo de ossos para cães e gatos é preparado com frango, mas se seu peludo tem restrição a essa carne, use ossos bovinos, suínos, coelho, rãs etc. É incomum, mas uma parcela de cães e gatos é intolerante à histamina, aminoácido abundante no caldo de ossos. Uma maneira de reduzir o teor de histamina do caldo é cozinhá-lo em fogo brando por 4, no máximo 6 horas. Para peludos de digestão sensível, elimine a gordura que sobe à tona e ofereça caldos límpidos.

Como preparar

Aqui vai a receita do caldo de frango, seguida de um vídeo que demonstra o preparo. Na receita e no vídeo usamos frango, mas o caldo pode ser preparado com cortes bovinos ou suínos que contenham ossos e carne, ou um peixe inteiro, ou até com cortes de espécies exóticas – peru, rãs ou coelho, para pets alérgicos a frango ou boi.

Recomendamos preparar uma quantidade grande assim porque você pode manter porções de caldo congeladas no seu freezer para usar sempre que precisar. Basta distribuir o total em potinhos ou forminha de gelo com tampa e congelar por até 3 meses.

Coloque um frango inteiro (prefira orgânico ou caipira) dentro de uma panela grande. Cubra com água filtrada (sugestão: 5 litros) e adicione 1 colher de sopa de vinagre de maçã. O ácido acético favorece a transferência dos elementos dos ossos para a água.

Acenda o fogo e aguarde. Quando ferver, baixe o fogo para a menor chama possível e deixe a panela ali, quietinha, tampada, cozinhando por 12 a 24 horas. Se surgir uma camada de espuma com a fervura, remova com escumadeira.

É fundamental ir completando a água para não deixar o nível cair e ter bastante caldo ao final. Tem pressa? Com 6h de cozimento o caldo já pode ser servido. Coe uma porção para desprezar fragmentos, espere esfriar e sirva morno ao pet. Deixe o restante cozinhando lentamente até completar 12 a 24 horas. Precisa sair ou ir dormir? Desligue o fogo, tampe a panela e depois retome de onde parou.

Já nos questionaram sobre como se determinou esse tempo de cozimento tão longo e se é mesmo necessário esse preparo ser tão demorado. O cozimento do caldo de ossos por 24 horas é uma tradição da culinária de muitas culturas ao redor do mundo, incluindo a culinária asiática, européia e africana, que têm usado essa técnica há séculos, como relatado no livro “Nourishing Traditions” das autoras Sally Fallon e Mary Enig. Alguns cozinheiros e nutricionistas também recomendam o cozimento por um longo período de tempo para extrair o máximo de nutrientes e sabor dos ossos e cartilagens.

Além disso, em um estudo publicado no Journal of Food Science em 2011, os pesquisadores analisaram a composição nutricional do caldo de galinha e descobriram que o cozimento prolongado por 6, 12 e 24 horas resultou em níveis crescentes de proteínas, colágeno e glicosaminoglicanos (GAGs), que são importantes nutrientes para a saúde das articulações. O estudo concluiu que o caldo de galinha pode ser considerado uma fonte rica de nutrientes quando preparado por um período de 24 horas.

Embora não haja uma evidência científica clara de que 24 horas seja o tempo exato ideal para o cozimento do caldo de ossos, a tradição culinária e a pesquisa sugerem que um período prolongado de cozimento pode ajudar a extrair os nutrientes e o sabor dos ossos e cartilagens, resultando em um caldo mais nutritivo e saboroso.

Por isso não recomendamos a panela de pressão para preparar o caldo. O cozimento na pressão leva uma fração do tempo, é verdade, mas o foco aqui não é obter uma carne macia e sim um caldo bastante nutritivo, o que queremos é cozinhar lentamente em temperaturas amenas e sem pressão, justamente para dar tempo dos nutrientes dos tecidos saturarem a água.

Ah! Pode parecer que preparar caldo acaba com um botijão inteiro de gás, mas não é bem assim, porque se usa a chama sempre bem baixinha. Uma opção seria usar uma panela elétrica própria para esse tipo de preparo. Em alguns países são vendidas panelas elétricas específicas para preparo de alimentos com cozimento lento em baixas temperaturas, conhecidas pelo nome de uma marca dessas panelas (Crockpot, ou Slow Cooker). Elas facilitam o preparo porque você consegue controlar a temperatura do cozimento mais precisamente e não precisa interromper o cozimento nem para ir dormir. Se você tiver acesso a uma dessas pode aproveitar essa praticidade.

E para quem está sem tempo para preparar, há empresas (como a AN Pets, a XigPet, a Lecker e a Caldo Natural) que vendem caldo de ossos in natura e até desidratados.

Quanto servir? Algumas sugestões:

  • 50ml, 1-2x ao dia, para cães de porte miniatura e gatos
  • 100ml, 1-2x ao dia, porte pequeno e gatos
  • 150ml, 1-2x vezes ao dia, porte médio
  • 250ml, 1-2x vezes ao dia, porte grande
  • 300ml, 1-2x vezes ao dia, porte gigante

Referências:

1- Nourishing Traditions: The Cookbook That Challenges Politically Correct Nutrition and the Diet Dictocrats, Sally Fallon e Mary G. Enig: https://www.amazon.com.br/Nourishing-Traditions-Challenges-Politically-Dictocrats/dp/0967089735

2- Chicken soup inhibits neutrophil chemotaxis in vitro – https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/11035691

3- Analysis of the Anti-Inflammatory Capacity of Bone Broth in a Murine Model of Ulcerative Colitis – https://www.mdpi.com/1648-9144/57/11/1138

Sylvia Angélico
Médica Veterinária
pós-graduada em Nutrição Animal
CRMV-SP 29945

Comunicado Cachorro Verde

As informações divulgadas em nossas postagens possuem caráter exclusivamente educativo e não substituem as recomendações do médico-veterinário do seu cão ou gato. Por questões ético-profissionais, a Dra. Sylvia Angélico não pode responder certas dúvidas específicas sobre questões médicas do seu animal ou fazer recomendações para seu pet fora do âmbito de uma consulta personalizada. Protocolos de tratamento devem sempre ser elaborados e acompanhados pelo médico-veterinário de sua confiança.

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