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Essa é uma dúvida comum de quem oferece Alimentação Natural (AN) ao seu cachorro ou gato, seja ela preparada em casa, comercial, cozida ou crua, com ou sem ossos. O pet come as refeições com prazer e parece tolerar bem a dieta; não tem vômito ou diarréia. Mas como saber que a dieta está realmente promovendo saúde e proporcionando o pleno desenvolvimento do potencial genético desse animal?


Afinal, não queremos que nossos peludos meramente sobrevivam comendo AN. Que ela represente o mínimo aceitável no que diz respeito à dieta de um cão ou gato. Essa é uma reflexão importante porque cães e gatos adultos podem tolerar por tempo considerável uma alimentação desequilibrada antes de aparecerem alterações nos exames e sinais de adoecimento.

Veja comigo três pontos a serem investigados para chegarmos mais perto de compreender se a comida que servimos está atendendo bem o nosso peludo: análise da dieta, análise do animal e análise de exames. Exatamente nessa ordem de importância.

Entenda de AN

Antes de começar a preparar AN para seu pet compreenda a fundo o sistema da dieta que você escolheu: como equilibrar a proporção de carnes, vísceras e vegetais, alimentos válidos e alimentos contraindicados, suplementação adequada, introdução gradativa, quanto servir, como preparar, armazenar e como ajustar no dia-a-dia. Para uma abordagem individualizada procure orientação profissional. Também não faltam no mercado boas opções de AN equilibradas e suplementadas, cozidas e cruas.

Composição

A dieta natural de cães e gatos saudáveis deve ser rica em proteína animal, moderada em gordura e conter ao menos um pouco de vegetais para fornecer fitonutrientes e fibras valiosos. Recomendo que vísceras secretoras, como fígado e baço, sejam incluídas como 5% a 10% da dieta. Varie entre pelo menos duas combinações diferentes de ingredientes. A variação amplia o leque de nutrientes naturais fornecidos e reduz o risco de problemas tanto por falta como por excesso de nutrientes.

Suplementação adequada

Toda AN preparada em casa precisa ser suplementada. Minerais como cálcio, manganês, zinco e iodo, vitaminas como D, E e tiamina (B1), o aminoácido taurina (para os gatos) e ácidos graxos como ômega-3 são deficiências comuns em dietas caseiras. Podemos contornar isso com suplementos comerciais ou prescritos por um profissional, ou pela adição estratégica e regular de ingredientes naturais específicos. Mas ignorar a suplementação é convidar problemas de saúde bastante sérios e evitáveis.

Alimentos tóxicos x inadequados

Uvas e passas, cebola, macadâmias, chocolate e xilitol são tóxicos para os pets. Mas os alimentos que mais contribuem com obesidade, alergia e inflamação nos peludos não são os tóxicos, são os inadequados. Estou falando de pão, bolo, borda de pizza, embutidos, bolachas, excesso de frutas e a maioria dos petiscos para pets, lamentavelmente cheios de corantes, conservantes e ingredientes problemáticos. Recomendo não oferecer nem um pouquinho do que não faz bem à saúde deles.

Preparo, armazenamento e oferta

Vegetais devem ser cozidos ou triturados para o pet aproveitá-los minimamente. Cereais e tubérculos (carboidratos) devem ser sempre bem cozidos. Carnes e vísceras que serão servidas cruas devem passar alguns dias no freezer. A porção pronta pode ficar na geladeira até 3 dias. Seu peludo deve comer o suficiente para estar bem nutrido e com bom escore corporal, nem acima e nem abaixo do peso, não necessariamente saciado. A maioria dos cães não tem um mecanismo de saciedade eficiente.

Olho vivo no pet

Como seu cão ou gato se comporta em relação à dieta? Demonstra ansiedade na hora do rango? Come com prazer todas as refeições? As fezes estão em geral bem formadas? Ele faz cocô todos os dias? Está mantendo o peso dentro de uma faixa aceitável? Tem energia para interagir, brincar, passear, se limpar? Como está a pele e a pelagem em relação à textura, queda, brilho, hidratação, oleosidade, odor? Como está a produção de secreções (nos olhos, ouvidos etc)?

Como está a resistência a parasitos como fungos, bactérias, pulgas, carrapatos e vermes? Apresenta com frequência sintomas gastrintestinais (vômito, fezes amolecidas, cólica, náusea)? Em se tratando de um filhote, está se desenvolvendo bem? Aprumos adequados, taxa de crescimento dentro do esperado, energia de sobra? Observar constantemente esses pontos nos traz pistas sobre o estado nutricional dos cães e dos gatos, ainda que eles possam ser influenciados por outros fatores.

Exames

Exames solicitados com consciência também têm relevância nessa conversa, principalmente para verificar a necessidade de ajustes na dieta ou na suplementação. Que exames pedir e com que frequência dependem da idade do animal, tipo de dieta, histórico de saúde, uso de medicamentos, raça e aspectos clínicos. Para pets jovens sem queixas, um panorama básico periódico – hemograma, cálcio iônico e total, função renal e hepática e ultrassonografia abdominal – fornecem uma boa triagem.

Importante

Alguns resultados alterados em exames podem na verdade ser apenas uma variação da normalidade. Um exemplo é a uréia, que geralmente se eleva em pets que comem AN, porque a dieta contém mais carne, sem significar sobrecarga renal. Desconhecimentos desse tipo podem fazer colegas recomendarem ração renal a cães e gatos perfeitamente sadios. É preciso cuidado para a interpretação de exames não resultar em condutas precipitadas, desnecessárias e até danosas à saúde do pet. 😉

 

Sylvia Angélico
Médica Veterinária
pós-graduada em Nutrição Animal
CRMV-SP 29945

Comunicado Cachorro Verde

As informações divulgadas em nossas postagens possuem caráter exclusivamente educativo e não substituem as recomendações do médico-veterinário do seu cão ou gato. Por questões ético-profissionais, a Dra. Sylvia Angélico não pode responder certas dúvidas específicas sobre questões médicas do seu animal ou fazer recomendações para seu pet fora do âmbito de uma consulta personalizada. Protocolos de tratamento devem sempre ser elaborados e acompanhados pelo médico-veterinário de sua confiança. Obrigada por acompanhar os canais do Cachorro Verde!