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Quando um cão ou gato apresenta dificuldades para fazer cocô regularmente dizemos que ele está constipado. São sinais de constipação nos pets: muitos dias sem fazer cocô, as fezes saírem em formato de bolinhas rígidas ou esbranquiçado e farelento, fazer muita força para empurrar o cocô, vocalizar (indicando dor) e presença de muco e até de um pouco de sangue vivo no 💩.

É claro que um ou outro episódio de constipação pode acontecer – e não é motivo para preocupação.

Mas, afinal, quantos cocôs por dia seu cachorro ou gato deve fazer normalmente? A resposta é um baita de um “depende”. Cães e gatos que recebem dieta rica em fibras e carboidrato podem fazer cocô várias vezes ao dia – duas, três, quatro ou mais vezes.

Quando a alimentação é biologicamente adequada – baseada em carnes, vísceras, ossos e pobre em carboidratos – é normal fazerem um a dois cocôs por dia. Isso, no caso dos cães. Gatos alimentados assim podem nem fazer cocô diariamente – e tudo bem.

Aqui é assim. A gata Lenù, de 1 ano, recebe dieta crua com menos de 5% de matéria vegetal. Desde filhote ela é alimentada assim e faz cocô dia sim, dia não. É comum ela passar dois dias sem fazer. Esse é o normal dela (e de muitos gatos) que recebem esse tipo de dieta de alta digestibilidade. Como o cocô sai sem muco, sem sangue, em formato de “charutinho” e ela não demonstra dor ou desconforto, não me preocupo.

Já minha cachorra Polly, de quase 14 anos, faz entre 1 e 2 cocôs por dia. Um cocô por passeio na rua. (A Polly tem a graminha dela no meu apartamento, onde ela faz xixi normalmente, mas ela claramente prefere fazer o número 2 na rua.)

Convivendo com seu peludo você aprenderá a reconhecer o que é o normal dele em matéria de 💩.

Para além da composição da dieta, fatores como nível de hidratação, temperatura ambiente, grau de atividade física, estresse, tratamentos que estejam em curso, idade, porte, raça e, obviamente, a existência de certas doenças, influenciam diretamente o funcionamento do intestino.

Vamos conferir as principais causas de constipação nos pets e como agir em casos leves de intestino preso!

Riscos

É normal acontecer de vez em quando um episódio de intestino preso no pet.

Mas quando a condição perdura, sem investigação da causa e sem tratamento, pode evoluir para obstipação. As fezes se tornam tão duras e secas que o peludo simplesmente não consegue mais eliminá-las. Isso pode gerar uma situação ainda mais séria: o megacólon, em que o cólon, segmento do intestino grosso, fica distendido e flácido. Nesse estágio pode ser preciso remover as fezes cirurgicamente.

Causas dietéticas

Se seu pet está constantemente constipado, atente para a ingestão de fibras, gordura e ossos.

A dieta deve conter fibras vegetais (verduras, frutas, sementes, batata-doce, cereais integrais etc) ou fibras “animais” (partes que não são digeridas e ajudam a impulsionar o bolo fecal, como pêlos e penas, incluídas na dieta ‘Prey Model Raw’).

Também deve ter fontes de gordura, como carne de ruminantes, ovos, peixes gordos, um pouco de vísceras, óleos adicionados à parte (azeite de oliva, óleo de côco etc).

Ossos também ressecam as fezes. Verifique a proporção de ossos carnudos crus em dietas contendo ossos e a oferta de ossos recreativos.

Desidratação

Cães e gatos cronicamente desidratados são mais constipados. Esse é outro ótimo motivo para oferecer AN (Alimentação Natural) ao seu pet: a dieta natural contém 7x mais água que a ração seca!

Se seu peludo é constipado mesmo comendo AN, procure hidratá-lo melhor servindo pequenas porções ao longo do dia de caldo caseiro de ossos ou água saborizada com um pouco de iogurte natural (sem adoçar), por exemplo.

Dias muito quentes e de baixa umidade também podem causar episódios de constipação por desidratação.

Sedentarismo

Passear ao ar livre, farejando canteiros e gramados, é um convite para esvaziar bexigas e intestinos. Além dos estímulos olfativos, o exercício físico estimula as contrações do intestino, empurrando o cocô.

Passear também desperta sede – e já vimos que a hidratação adequada previne a constipação. Gatos também precisam se mexer regularmente! Vale brincadeira de varinha, ratinho com catnip, instalar prateleiras nas paredes etc.

Idade, porte e raça

Pets idosos podem ser mais constipados do que os jovens, porque em geral estão menos bem hidratados, são menos ativos e por problemas crônicos de saúde (renais, ortopédicos, hormonais). Cães de porte grande e gigante apresentam um trânsito intestinal em geral mais rápido e tendem a ser menos constipados que os de porte miniatura e pequeno. Uma raça de cão em que observo uma tendência a um intestino mais ressecado é o Pug.

Causas clínicas

  • Aumento da próstata nos cães não-castrados (Hiperplasia Prostática Benigna), porque comprime o reto, atrapalhando a saída das fezes.
  • Obstrução intestinal por corpo estranho (gravetos, bolas de pêlos, pedras, brinquedos etc) ou tumores.
  • Inflamação ou infecção da glândula adanal nos cães.
  • Doença renal.
  • Hipotiroidismo.
  • Obesidade.
  • Dor na coluna ou quadril (tornando incômoda a posição para fazer cocô).
  • Efeitos adversos de anestésicos, antiespasmódicos e certos medicamentos para cardiopatias.

Comportamento

Situações que geram estresse, como mudança de casa, chegada de um novo pet, banheiro do pet sujo, viagem e troca brusca de dieta podem causar constipação. No caso dos felinos, é importante salientar o número adequado de caixas sanitárias, constantemente limpas, mantidas em local agradável e de fácil acesso e contendo o granulado de preferência do bichano.

O que ajuda?

Oferecer com moderação alimentos laxativos – mamão, quiabo, abóbora moranga, inhame, folhas verde-escuras picadinhas, azeite, óleo de côco, vísceras, sardinha, sementes de chia ou de linhaça – ajuda a acordar o intestino preguiçoso.

Adicionar um pouco de fibras como psyllium, farinha de côco e farelo de aveia etc às refeições pode ajudar, mas é importantíssimo, nesse caso, garantir a hidratação. Do contrário, a adição de fibras pode até piorar a constipação.

Não melhorou? Esse é um trabalho para a médica-veterinária do seu pet!

Sylvia Angélico
Médica Veterinária
pós-graduada em Nutrição Animal
CRMV-SP 29945

Comunicado Cachorro Verde

As informações divulgadas em nossas postagens possuem caráter exclusivamente educativo e não substituem as recomendações do médico-veterinário do seu cão ou gato. Por questões ético-profissionais, a Dra. Sylvia Angélico não pode responder certas dúvidas específicas sobre questões médicas do seu animal ou fazer recomendações para seu pet fora do âmbito de uma consulta personalizada. Protocolos de tratamento devem sempre ser elaborados e acompanhados pelo médico-veterinário de sua confiança.

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