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A experiência de passar a preparar em casa Alimentação Natural (AN) para nossos cães e gatos em casa pode ser transformadora e profundamente gratificante.

São amplos os potenciais benefícios à saúde de uma dieta minimamente processada, preparada com ingredientes variados. E nosso envolvimento direto com o que nossos cães e gatos comem todos os dias não raro impacta positivamente também a nossas próprias escolhas alimentares. Aquela história do “desembrulhar menos, descascar mais”.

Mas com a crescente popularização da AN nos últimos anos, tenho observado uma parcela de tutores se aventurando nessa iniciativa sem conhecimento suficiente, o que pode resultar em experiências negativas, principalmente para os animais sob nossos cuidados.

Os problemas vão desde transtornos gastrintestinais, que felizmente são transitórios, causados pela troca abrupta da ração pela AN a quadros causados por deficiências nutricionais em pets que passaram meses ou anos comendo uma dieta empobrecida e não suplementada.

Quando a gente opta por assumir a responsabilidade de proporcionar uma alimentação caseira adequada aos nossos pets devemos fazê-lo com comprometimento.

Para quem não tem tempo, espaço no freezer ou disposição para aprender o suficiente sobre Alimentação Natural antes de se arriscar a prepará-la, existe uma infinidade de dietas naturais comerciais no mercado, balanceadas e suplementadas, com composições e propostas para todos os gostos.

Deslize as imagens do post para o lado e conheça pontos que sob a minha perspectiva e experiência fazem toda a diferença para que a Alimentação Natural que você prepara para seu peludo seja segura e atinja todo o seu incrível potencial de benefícios! 🙂

Começar sem conhecer

Compreenda BEM esses pontos antes oferecer AN preparada em casa: introdução gradativa da dieta, cálculo de quanto servir de alimento, alimentos seguros e alimentos contraindicados, como preparar, armazenar e servir, como ajustar a dieta e como suplementá-la. Para isso, você pode passar em consulta com uma profissional, pode estudar o assunto por conta própria ou optar por uma boa dieta natural comercial – que já vem equilibrada, suplementada e com orientações de quanto servir.

Não suplementar

Dietas preparadas em casa devem ser suplementadas com nutrientes cruciais como iodo, cálcio, vitaminas E e D, manganês e zinco. Podemos suplementar a dieta com produtos comerciais formulados para isso (Food Dog ou Nutroplus, cápsulas de óleo de peixe etc), com fórmulas aviadas em farmácia de manipulação ou através da inclusão regular de ingredientes naturais específicos. Mas negligenciar a suplementação prejudica a saúde do pet cedo ou tarde – e de maneira grave se for filhote.

Introdução brusca

Tem gente que migrou “pá-pum” da ração para a AN e o peludo ficou bem? Sim. Mas não é o que recomendo. Pra que arriscar um início turbulento da nova dieta? Mudar bruscamente a alimentação pode causar fezes amolecidas e vômitos. É importante dar tempo para os processos digestivos se adaptarem à comida diferente. Comece adicionando um pouquinho de AN à ração e ao longo de 7 dias vá aumentando a porção da nova dieta ao mesmo tempo em que reduz a porção de ração servida.

Oferecer somente frango

Frango é uma carne financeiramente acessível e bastante apreciada por cães e gatos. Mas não deve ser a única fonte de proteína animal na dieta. Se o orçamento está apertado complemente com ovos e vísceras musculares de outras espécies (bucho bovino, pulmão, coração e língua de boi ou de porco) para aumentar a variedade de nutrientes. Frango é uma carne pobre em zinco e em vitamina B12 e rica em ômega-6, o ômega com efeito mais pró-inflamatório.

Omitir vísceras secretoras

Vísceras secretoras, como fígado, baço e rim, entram em pequena quantidade na Alimentação Natural; coisa de 3% a 10% do total da dieta. Mas são muito importantes. Elas concentram abundantemente nutrientes como vitaminas A e do complexo B, ferro, selênio, fósforo e cobre, que não estão presentes em quantidade suficiente nas carnes. Não deixe o seu desconforto com esses alimentos privar seu cão ou gato de consumir um pouco dessas valiosas vísceras diariamente.

Petiscos inadequados

Não faz sentido investir recursos para oferecer uma dieta caseira caprichada ao seu peludo e não ter o mesmo cuidado com os petiscos que ele recebe. Recomendo fugir daqueles “ossos” e palitos de couro bovino que podem conter resíduos de amônia quaternária e soda cáustica, de ossos cozidos (somente ossos crus são seguros), de ossos polidos e de tudo que contenha conservantes sintéticos, corantes, açúcar e farinhas de soja, milho e trigo (alérgenos frequentes) na composição.

Ossos cozidos

No ambiente natural, canídeos e felinos consomem os ossos de outros animais sempre 100% crus. Ossos crus são porosos e dissolvem em contato com o suco gástrico ultra ácido desses carnívoros. Mas quando ossos sofrem cocção a estrutura do colágeno é alterada e o osso fica rígido, se parte em farpas pontiagudas e não sofre ação do suco gástrico e das enzimas digestivas tão eficientemente, o que aumenta exponencialmente o risco de ocorrer obstrução ou perfuração gastrintestinal.

Não controlar a porção

Principalmente os cães, mas também muitos gatos, são vorazes e não regulam o próprio consumo de alimento. Ou seja, cabe a nós, seus cuidadores, fornecer comida suficiente para mantê-los nutridos e saudáveis, ainda que não saciados. Exagerar na quantidade de alimento ou, pior, nos petiscos, leva ao excesso de peso e a todos os seus problemas (síndrome metabólica, artrose etc). Ah! Recomendo sempre usar balança de cozinha para montar as porções diárias do peludo com precisão.

Omitir vegetais

Vegetais fornecem antioxidantes e fibras. Estudos vêm demonstrando que as fibras atuam como um adubo para as bactérias do intestino grosso dos pets, tornando o ecossistema microbiano mais diverso e resiliente. A fermentação dos vegetais por essas bactérias gera vitaminas K e B12, além de ácidos graxos de cadeia curta que reduzem o risco de surgirem alergias, diabetes, doenças auto-imunes e infecções. Inclua pelo menos 10% de vegetais na dieta dos cães e 5% na dos gatos.

Sylvia Angélico
Médica Veterinária
pós-graduada em Nutrição Animal
CRMV-SP 29945

Comunicado Cachorro Verde

As informações divulgadas em nossas postagens possuem caráter exclusivamente educativo e não substituem as recomendações do médico-veterinário do seu cão ou gato. Por questões ético-profissionais, a Dra. Sylvia Angélico não pode responder certas dúvidas específicas sobre questões médicas do seu animal ou fazer recomendações para seu pet fora do âmbito de uma consulta personalizada. Protocolos de tratamento devem sempre ser elaborados e acompanhados pelo médico-veterinário de sua confiança.

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