Como oferecer sardinhas para cães e gatos

A sardinha é um dos alimentos queridinhos dos adeptos de Alimentação Natural para cães e gatos. Não é pra menos: esse peixe de cerca de um palmo de comprimento é uma super potência nutricional. Em 100g encontramos quase 1.5g dos ácidos graxos ômegas-3 EPA e DHA, notórios por seu efeito antiinflamatório, anti-trombótico e protetor do coração, cérebro e rins.

Por ser um peixe de pequeno porte e não estar no topo da cadeia alimentar a sardinha também é considerada relativamente “limpa” em matéria de acúmulo de metais pesados.

Também não é dos peixes mais caros, embora o valor tenha subido bastante com a inflação recente. Confira a postagem a seguir com todas as informações necessárias para que seu peludo canino ou felino desfrute desse pequeno grande peixe. Aproveita e compartilha com aquela amiga que quer dar sardinha pro pet dela, mas está cheia de dúvidas.

Por que incluir?

Em que quantidade?

Depende muito da tolerância do seu pet à sardinha. Por ser um alimento denso em lipídeos, proteína e minerais a sardinha pode amolecer o cocô ou provocar vômito em alguns cães e gatos mais sensíveis se oferecida de uma vez em uma grande quantidade. Experimente inclui-la como 15% do total em gramas da dieta caseira do seu pet. Exemplo: minha cachorrinha, a Polly, come 280g de AN por dia. 15% desse total seria 42g. Logo, posso substituir 42g da porção diária dela de carne por sardinha. Se você conseguir incluir 15-20% de sardinha na dieta do seu pet, 2-3x por semana, já será de grande valia! Seu pet tolera bem sardinha em grande quantidade? Ótimo. Substitua totalmente a carne da dieta por sardinha 1-2x por semana. Pode dar todo dia? Não recomendo oferecer nada todo dia, a não ser água, carinho e passeio.

In natura ou enlatada?

Se tiver acesso à sardinha in natura (fresca) ou congelada, melhor. Antes da pandemia eu costuma comprá-la em feiras-livres e centros de abastecimento a muito bons preços. Mas tudo bem se sua única opção for a sardinha em lata! É prática, relativamente barata, está disponível em supermercados o ano todo, já vem cozida e as espinhas estão derretidas, não impondo qualquer risco. Apenas despreze o óleo e não raspe o interior da lata para minimizar risco de contaminação. Sardinhas em lata não contêm conservantes sintéticos porque são embaladas à vácuo, o que protege de contaminação por microorganismos.

Muitos pets não aceitam sardinha crua. Mas pode-se acostumá-los. Comece oferecendo pedaços pequenos amassados ou picados e bem misturados (ou mesmo triturados) a alimentos que eles apreciam, como carnes, vísceras etc. Ou comece cozinhando levemente para deixar a sardinha mais apetitosa e vá cozinhando cada vez menos até ele se habituar ao cheiro e sabor do peixe cru. Ou ofereça cozida mesmo – de levemente a no máximo moderadamente cozida para preservar ao máximo os nutrientes. Não deixe o fato de precisar cozinhar a sardinha desanimar você de oferecê-la ao seu pet.

Com ou sem espinhas?

Tive cães de 5kg a 30kg que comeram toda a sua vida sardinhas inteiras: com escamas, nadadeiras, cabeça, vísceras e, sim, espinhas! Nunca engasgaram ou se machucaram. Servir pequenos peixes completos é uma rara e bem-vinda oportunidade para servirmos uma “presa completa” com sua vastidão de tecidos e nutrientes. Contudo, se seu pet engasga com facilidade ou você tem receio, opções com muito menos espinhas são o filé de sardinha (ou sardinha espalmada). Outra ideia é triturar a sardinha completa em mixer ou processador.

Sardinhas cruas não contêm tiaminase, um antinutriente encontrado na carpa e no peixe dourado. Para aumentar a segurança quanto a possíveis parasitos porventura presentes no peixe cru recomendo congelá-los em freezer por 2 a 3 dias antes de servir. Prefere cozinhar? Use panela a vapor (ou cuscuzeira), grelhe em frigideira ou asse no forno até que esteja de mal passada a no máximo ao ponto. Não recomendo uso de panela de pressão ou panela com água, por acarretarem maior perda de nutrientes. Pela minha experiência, o método que menos deixa cheiro é assando no forno.

Como substituir?

Sim, manjubinhas, arenque, cavalinhas e anchovas são outras ótimas fontes de ômegas-3, selênio e proteína. Manjubas são, inclusive, muito bem aceitas e toleradas pelo pets. Aqui intercalo manjubas e sardinhas como 10-15% da dieta da minha gata, Lenù, e da minha cadelinha, Polly, 3-4x por semana. Manjubas desidratadas também rendem excelentes petiscos e algumas empresas as vendem assim. Outros peixes, como lambari, truta, merluza, pescada, robalo etc podem ser incluídos como boas fontes de proteína na dieta, independentemente de serem ou não boas fontes de ômegas-3. Se seu pet não gostar de peixe de jeito nenhum, paciência, capriche em variar as espécies de carnes oferecidas (frango, boi, porco, peru etc) respeitando sua realidade e orçamento, é claro. E suplemente 3x por semana ou diariamente a dieta com cápsulas de óleo de peixe para fornecimento de ômegas-3 – o vet poderá te orientar sobre a dosagem.

Cães e gatos alérgicos ou intolerantes a sardinha ou a peixes em geral. Por ser um alimento rico em proteína e em fósforo pode ser contraindicado na dieta de animais com questões renais e formadores de cálculos urinários de fosfato (estruvita). Mas cada caso é um caso. Na dúvida, consulte a vet ou zootecnista que acompanha a dieta do seu peludo!