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Antes de desistir de oferecer verduras e legumes ao seu cão ou gato, é importante conhecer os benefícios desses alimentos para a saúde deles e descobrir maneiras bem-sucedidas de incorporá-los à Alimentação Natural (AN) 🥦🥕🥬.

Tanto lobos como felinos selvagens consomem gramíneas, hábito mantido por nossos cães e gatos. Além disso, eles ingerem a matéria vegetal presente no trato digestório de suas presas menores. Lobos e coiotes também consomem frutinhas silvestres, como as amoras. Isso significa que incluir pelo menos uma pequena quantidade de vegetais na dieta de cães e gatos é biologicamente apropriado para essas espécies.

Os vegetais são fontes de fitonutrientes, que, como o nome sugere, são fornecidos por plantas e não estão presentes nos tecidos animais. Por exemplo, as antocianinas são os pigmentos encontrados nas amoras e no repolho roxo, o sulforafano está presente em vegetais crucíferos, como brócolis e repolho, e o betacaroteno, além das vitaminas E e K, é encontrado em hortaliças como espinafre e couve. Esses fitonutrientes fortalecem o sistema imunológico, reduzem o risco de câncer e doenças degenerativas, retardam o envelhecimento, regulam a pressão arterial e ajudam a eliminar poluentes e toxinas. Não é por acaso que nossos peludos buscam ativamente consumir gramíneas.

A inclusão regular de vegetais também fornece fibras. As fibras ajudam a regular o trânsito intestinal, prevenindo tanto a constipação quanto fezes amolecidas. Também reduzem o índice glicêmico da dieta e, mais importante, aumentam a diversidade de espécies de bactérias no microbioma intestinal. Isso ocorre porque certas fibras têm efeito prebiótico, agindo como um “adubo” para os microorganismos intestinais, o que amplia a diversidade e a resiliência desse ecossistema. A fermentação das fibras pelas bactérias gera metabólitos valiosos com efeitos que vão desde a nutrição das próprias colônias de microorganismos e células da mucosa intestinal até o controle da glicemia, prevenção de doenças cardiovasculares e equilíbrio do sistema imunológico. Não é pouca coisa.

Quanto? Quais?

Dependendo dos seus objetivos e da modalidade da AN escolhida os vegetais podem ser incluídos como 5% a até 30% do total de alimentos da dieta. Praticamente todos são permitidos, mas há alguns contraindicados, como cebola, alho-poró, uvas, carambolas, ruibarbo e pimentas ardidas. Ah! Essa postagem se refere à categoria de vegetais (hortaliças, verduras, legumes) e não à de carboidratos (grãos, cereais, batatas) da AN.

Preparo

Vegetais podem ser preparados de diversas maneiras: triturados crus em processador, cozidos e triturados, cozidos e cortados em cubinhos e até fermentados (no site do Cachorro Verde ensino a fermentá-los). Se seu cão ou gato não curtiu os vegetais crus e triturados, experimente cozinhá-los (no vapor, grelhados em frigideira etc). Observe se seu pet os prefere em cubinhos ou em purê. Alguns peludos apreciam textura, outros não.

Encontre os preferidos

Observo que brócolis, abóbora moranga, cenoura e couve-manteiga picadinha costumam ser apreciados. Sirva diferentes vegetais para descobrir as preferências do seu cão ou gato. Você pode se surpreender ao ver que seu peludo aprecia pimentão amarelo e vermelho, assim como repolho, e que a recusa dos vegetais pode ser um sinal de tédio devido à monotonia dos mesmos vegetais servidos todos os dias.

Reduza a quantidade

Quanto maior é a quantidade de vegetais na dieta, mais marcante é a presença deles. Experimente reduzir em um terço ou até pela metade a quantidade de vegetais e observe se assim seu pet passa a consumi-los melhor. Verduras e legumes contribuem com poucas calorias, o que significa que não é necessário compensar a redução dos vegetais aumentando a quantidade dos outros componentes.

Triture com carne

Ainda não teve sucesso? Triture em processador a porção de vegetais com algum componente da dieta que seu cão ou gato adora, como carne, vísceras, ovos ou outros alimentos. Também vale cozinhar os vegetais no caldo de ossos preferido do seu pet. Outra dica: adicione um “molho” especial sobre os vegetais ao servir. Vale um pouquinho de iogurte ou kefir, azeite de oliva, manteiga ou ghee, caldo de ossos, pózinho de vísceras desidratadas da Lecker ou da The Hungry Dog etc.

Alternativas

Uma maneira de suprir os benefícios dos vegetais é incluindo brotos na dieta. Brotos de alfafa, de brócolis, de moyashi etc são muito mais densos em nutrientes que suas versões maduras, bastando inclui-los como 1% a 2% do total de alimentos. Ervas, sementes e superalimentos verdes, como clorela, spirulina e moringa (há guias sobre todos eles no site Cachorro Verde) também compensam a falta de vegetais. Para os gatos podemos plantar gramíneas e deixá-los mastigá-las à vontade.

Frutas?

Uma parte dos cães não aceita vegetais, mas come frutas. Apesar de também fornecerem fitonutrientes, vitaminas e fibras, as frutas são fonte de frutose, um açúcar. Por esse motivo, recomendo oferecê-las com moderação. Se os únicos vegetais que seu pet aceita são frutas varie-as e prefira as opções com menos frutose, como avocado (a polpa não é tóxica), amoras, maçã sem sementinhas, kiwi, abacaxi (é segura aos pets) e sempre como 5% a até 10% do total de alimento do dia.

Suplementação de fibras

Dietas isentas de vegetais podem levar à constipação. Se seu pet é extremamente resistente a inclusão de vegetais e tem apresentado alteração nas fezes, pode ser interessante incluir fibras em pó à dieta. Tenho bons resultados com psyllium, sementes de chia, de linhaça dourada ou farinha de côco como cerca de 0,5% a 1% do total de alimento da dieta, misturando bem. A presença delas no alimento é bastante discreta. Experimente!

Sylvia Angélico
Médica Veterinária
pós-graduada em Nutrição Animal
CRMV-SP 29945

Comunicado Cachorro Verde

As informações divulgadas em nossas postagens possuem caráter exclusivamente educativo e não substituem as recomendações do médico-veterinário do seu cão ou gato. Por questões ético-profissionais, a Dra. Sylvia Angélico não pode responder certas dúvidas específicas sobre questões médicas do seu animal ou fazer recomendações para seu pet fora do âmbito de uma consulta personalizada. Protocolos de tratamento devem sempre ser elaborados e acompanhados pelo médico-veterinário de sua confiança.

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